Música, Nara Leão, Ditadura Militar

Nara Leão(Música)

Nara Lofego Leão foi um dos ícones do movimento musical da década de 60 que ficou conhecido como bossa-nova. Nascida em Vitória (ES), Nara veio ainda criança para o Rio de Janeiro com a sua família.
Extremamente tímida em sua infância, Nara desistiu de aprender o acordeom, instrumento da moda na época, para se dedicar ao violão, que acabou se tornando o companheiro de toda a sua vida. Um de seus primeiros namorados foi Roberto Menescal, ao qual apresentou o ritmo que estava encantando os Estados Unidos, o jazz.
Entediados com as músicas que estavam sendo feitas no país, Nara e seus amigos começaram a se reunir em sua casa para buscar ritmos diferentes e fazer uma nova música. Estava então definido o ponto de encontro de artistas como Ronaldo Bôscoli e João Gilberto, que, juntamente com outros grandes nomes da música brasileira, criou a bossa-nova. Nara Leão tornou-se a musa daqueles rapazes que queriam fazer músicas com poesias.
O sucesso da garota da zona sul chegou com o lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde a cantora surpreendeu com o resgate de músicas de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da temática da bossa-nova, que só tratava de temas como o sorriso, o amor e o mar.
A menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime militar. "Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", disse a cantora em uma entrevista em 1966. Apesar de o então presidente, Arthur da Costa e Silva, querer enquadrá-la na Lei de Segurança Nacional, uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Nara Leão foi uma das primeiras cantoras consagradas a apoiar a Tropicália, outro movimento musical que revelou grandes nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil Foi também ao cantar 'A Banda', de Chico Buarque, que Nara ganhou o 2° Festival de Música Popular Brasileira.
O golpe militar de março de 1964 iria obstaculizar as mudanças que já se anunciavam nas ruas.  A música lançada alguns meses antes “Marcha de quarta-feira de cinzas” se tornou uma profecia realizada e uma conclamação à luta pela liberdade: “Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Ninguém passa mais brincando feliz E nos corações Saudades e cinzas foi o que restou E, no entanto, é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar É preciso cantar e alegrar a cidade”. Foi o primeiro hino da resistência democrática no país.
Nara também esteve por trás da primeira resposta do mundo artístico ao golpe militar. Em novembro de 1964 lançou o LP “Opinião de Nara”. A música que dava título ao disco havia sido escrita por Zé Ketti e começava assim: “Pode me prender, pode me bater que eu não mudo de opinião”. Uma clara referência ao difícil momento no qual o Brasil estava vivendo.


Ditadura Militar No Brasil

Na década de sessenta, o Brasil era assolado por um golpe militar de direita contra o qual toda a intelectualidade ligada à esquerda se mobilizou. No campo artístico, passa a ser produzida uma música que protesta por meio da análise de mensagens subliminares embutidas nas canções de protesto. Nessa mesma época foi marcada por efervescência no campo político-social do país. Uma vontade de participar ativamente da política interna é despertada em diversas camadas da sociedade. Os movimentos estudantis são intensificados e passam a agir junto ao povo. Podemos tomar como exemplo os Centros Populares de Cultura (CPCs), da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Durante o período da ditadura militar que assolou o país, e principalmente após a publicação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5)  que dava totais poderes ao governo e retirava dos cidadãos todos os direitos, muitos cantores, compositores, atores e jornalistas foram “convidados” a deixar o Brasil. A repressão a produção cultural perseguia qualquer ideia que pudesse ser interpretada como contrária aos militares, mesmo que não tivesse conteúdo diretamente político. Por conta disso os militares foram capazes de prender, sequestrar, torturar e exilar artistas e intelectuais. 

Tropicalismo:
Imagine um tempo em que nada podia ser dito; principalmente a verdade. Congresso Nacional fechado e imprensa censurada. Foi num mundo assim, ou melhor, num Brasil assim, aquele da Ditadura Militar (1964-1985), que a Tropicália vicejou.Na impossibilidade de falar abertamente contra a Ditadura em suas canções, os tropicalistas tinham como principal característica o deboche e a ironia. Não faziam suas críticas de oposição ao regime militar abertamente. 
O deboche por meio da atitude na vestimenta e os arranjos e experimentações exóticas nas canções tropicalistas chocavam o público erudito, acostumado com um padrão musical que a Tropicália teve a ousadia de quebrar naqueles anos, mudando assim, de forma indireta e por meio da expressão cultural inovadora, as regras e os padrões estabelecidos como normais na música.
O tropicalismo tinha manifestações de oposição política em seu comportamento e expressão musical, porém, as músicas expressavam oposição à Ditadura de forma indireta, ao acrescentar o acorde hilário de um instrumento musical no meio de uma letra séria. As músicas tropicalistas eram caracterizadas pela iminente introdução de estranhos arranjos, ruídos e sons não comuns nos padrões musicais da época.
Chico Buarque, João do Vale, Zé Kéti, Aldir Blanc, João Bosco, Gonzaguinha, Geraldo Vandré e outros criaram canções que foram eternizadas nas vozes marcantes de Elis Regina, Gal Costa, Simone, Tony Tornado, cantadas pelo povo e para o povo, perpetuando o sentido da arte, o da libertação.
As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano de uma forma inovadora e criativa.
Os principais representantes do Tropicalismo Foram: 
Caetano Veloso
Gilberto Gil
Os Mutantes

Torquato Neto
Tom Zé
Jorge Bem
Gal Gosta
Maria Bethânia
No dia 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente, encerrando um período de 21 de regime militar. A votação aconteceu no colégio eleitoral, mas teve o gostinho de uma resposta à derrota da campanha pelas Diretas Já.

(Silas Oliveira, Patryck Wallace, 3º "C")

Comentários

  1. Como assim né?! Um governo em no qual aceitavam suas reformas quietos, reclamavam sim, mas publicamente??? Jamais. Ai vem o tropicalismo, com toda sua ironia e quebra todo o conteúdo formal da música, trazendo críticas indiretas e sons jamais vistos. Acedendo a chama de quem já queria pegar fogo, mas não tinha coragem, de riscar o palito.

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  2. Na época da ditadura surgiu muitos nomes da música brasileira, que até hoje são prestigiados. Porém naquela época era muito diferente, esses grande cantores iam contra o regime e por isso era cassados e muitos políticos queriam prende-los. O tropicalismo surgiu então como uma forma de ir contra o regime militar, com roupas, músicas e formas de expressão que os deixavam furiosos e acendia no povo a chance de vender o regime.

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